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O ventre do mundo é mãe

  • tecpr4
  • 10 de mai.
  • 3 min de leitura

Era uma vez uma mulher chamada Maria das Gentes. Ela não nasceu apenas para si. Nasceu para acolher, cuidar, ensinar e amar.


Maria nunca teve um só rosto, nem um só corpo. Ela se espalhava pela vida como um rio que corre por muitos leitos. Às vezes era jovem, outras vezes tinha cabelos brancos. Algumas vezes andava de saia rodada no terreiro, outras de bata branca no hospital. Ela era muitas, e em todas, morava a Mãe.


Maria das Gentes um dia pariu. Gritou de dor e chorou de amor.

Pariu com o corpo, com o coração, com a alma.


Mas também acolheu filhos que não gerou. Recebeu nos braços pequenos seres entregues pelo destino, e com mãos firmes e coração quente, disse: “Você é meu”.


Maria das Gentes é a mãe biológica que embala o filho no colo. É a mãe por adoção que encontrou no olhar de uma criança sua razão de viver. É a mãe de leite que deu sustento e calor a um filho do mundo. É a mãe de criação que, mesmo sem laço de sangue, criou raízes eternas. É a mãe de consideração, aquela tia, avó, vizinha ou madrinha que virou refúgio, lar, conselho e ternura.


Maria também é a mãe pequena e mãe de santo no terreiro de Umbanda, que com sua firmeza espiritual e amor silencioso, sustenta os filhos de fé. Que varre o chão, arruma os pontos, prepara a firmeza e vela por cada um como se fosse seu. Ali, entre velas, ervas e cantos sagrados, ela aprende que maternar também é zelar. Seu olhar conhece a dor antes que ela se pronuncie. Seu coração carrega cada filho da corrente como joia ancestral.


Maria das Gentes também sabe da dor de uma ausência que não se consola. Ela já teve um filho que partiu cedo demais. E desde então, conversa com as estrelas, com os retratos, com as lembranças. Seu peito carrega saudade, mas também fé. Ela diz: “Meu filho agora mora no plano espiritual, mas eu ainda sinto sua presença quando o vento me abraça”.


Maria também já viveu o abandono. Um filho que saiu pela porta e nunca mais voltou. Não ligou no Natal, não escreveu no aniversário. Mas ela não amaldiçoou. Rezou por ele, silenciosa, com os olhos cheios d’água, e o coração cheio de esperança. Porque o amor de mãe é um tambor que não para de bater, mesmo no vazio.


Neste Dia das Mães, celebramos essa Maria das Gentes que vive em tantas mulheres do nosso mundo: Nas ruas, nos lares, nos terreiros, nas igrejas, nos abrigos, nas memórias.


Ser mãe é missão, é renúncia, é coragem. É um chamado sagrado que vai além da carne: está na alma.


Às mães com filhos nos braços — nosso abraço.

Às mães com filhos no céu — nossa reverência.

Às mães que foram esquecidas — nosso reconhecimento.

Às mães pequenas e mães no santo — nosso respeito e axé.

Às mães de todas as formas e faces — nossa gratidão eterna.


Vocês são a força silenciosa que move o mundo. O ventre da esperança. A raiz da vida. O nome mais bonito que alguém pode chamar com amor: mãe.


Feliz Dia das Mães.


Hoje, o mundo se curva diante da grandeza de vocês.


Texto: Michel Dourado - Dirigente Espiritual - CECPR

 
 
 

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