Sliêncio: o Rei está na Terra

Que todo o nosso corpo se cale em respeito. Que a alma se incline em reverência. Que o coração se encha de humildade e devoção. O mês de agosto chegou, e com ele, caminha entre nós aquele que carrega o poder da transformação, da cura e do renascimento: Obaluaê, o Rei da Terra, o Senhor das chagas e da renovação.

Filho de Nanã, acolhido por Iemanjá, Obaluaê não chegou ao mundo com festa nem com louros. Foi rejeitado, coberto por feridas, excluído por sua aparência. Mas foi exatamente na dor que ele se fez Rei. Foi no abandono que se tornou caminho. Foi na doença que trouxe a cura. Ele, que se levanta do chão com a dignidade dos grandes e caminha envolto em palha, para que ninguém veja sua glória antes de merecer entendê-la.

Agosto, para nós, é tempo de silêncio sagrado. É mês de introspecção, de mergulho profundo nas dores que escondemos, nos pedidos que não ousamos fazer, nos agradecimentos que ainda não entregamos. É tempo de caminhar mais devagar, de escutar a terra, de respeitar o mistério da vida e da morte, do adoecer e do sarar.

Obaluaê é aquele que ensina que toda ferida pode se tornar força. Que todo exílio pode revelar um trono. Que não existe cura sem humildade. E que, às vezes, a maior bênção vem disfarçada de provação.

Neste mês, saudamos aquele que é temido e amado. Que é silêncio e explosão. Que nos leva ao fundo da dor para nos devolver à luz do recomeço. Que nos ensina que até a morte é só mais um ciclo da vida. E que, quando o corpo se curva diante da terra, é o espírito que se eleva.

Atotô Obaluaê! Atotô, Rei que cura, que acolhe, que transforma.

Que agosto seja tempo de fé profunda. Que as dores antigas sejam entregues aos pés do Senhor das Palhas. Que a cura encontre abrigo em nossos corações. E que, com o silêncio respeitoso de quem reconhece o Sagrado, possamos dizer:

Obaluaê está na Terra. O Rei chegou. E com ele, virá a cura.

Texto: Michel Dourado - Dirigente Espiritual - CECPR

Data: 01/08/2025