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O Tempo Que Não Volta Mais

  • tecpr4
  • 27 de abr.
  • 2 min de leitura

Hoje vou contar uma história que ouvi e que ficou ecoando na minha mente e no meu coração. Uma história que, talvez, fale um pouco sobre todos nós.


Duas irmãs, separadas pela correria da vida:


Uma foi morar no exterior, a outra mergulhou de cabeça no trabalho, nas contas, nos compromissos que a vida adulta não cansa de cobrar.


Entre viagens, reuniões, boletos e tarefas, passaram cinco anos sem visitar a avó — aquela que um dia segurou suas mãos com tanto amor, que um dia embalou seus sonhos com cantigas de ninar, cuja voz doce era a última coisa que ouviam antes de adormecer em noites tranquilas.


O tempo foi passando como areia entre os dedos, até que um dia a consciência pesou e o medo bateu forte: "Será que ainda dá tempo?"


Decidiram, enfim, visitar a avó.


Chegaram ansiosas, com o coração disparado, torcendo para encontrá-la. E encontraram.


Ela ainda estava viva, mas o tempo havia deixado suas marcas: já não enxergava mais, não reconhecia suas vozes, nem recordava de seus rostos.


Aquela voz, que um dia contou histórias à beira da cama e dissipou seus pesadelos, agora era fraca, distante, desconectada das lembranças que preenchiam seus corações.


O abraço tão sonhado virou um abraço frio, sem memória, sem a chama do reconhecimento.


A dor foi imensa.


Não era apenas a cegueira dos olhos que doía — era a cegueira do tempo perdido, das visitas adiadas, das prioridades trocadas.


O que deveria ter sido amor e reencontro, tornou-se culpa e silêncio.


Não havia mais palavras capazes de recuperar o que o tempo havia apagado.


O que faltou não foi amor — foi presença.


Talvez uma única tarde, um único gesto, um único café juntos tivesse feito toda a diferença.


Quantos de nós estamos repetindo essa história todos os dias?


O trabalho, as responsabilidades, os sonhos... tudo parece urgente demais.


Mas aquilo que é essencial — o olhar, o abraço, a conversa simples — vai ficando para depois. Até que, um dia, não dá mais tempo.


O trabalho é digno, sim. Os sonhos são importantes, sim.


Mas como disse sabiamente Domingos Massa:

"O dever e o prazer no trabalho devem e precisam andar de mãos dadas, mas nunca sequestrar o seu tempo com a família."


Que essa história sirva como um grito de alerta:


Priorize quem te ama.


Valorize enquanto há tempo.


Porque o tempo é veloz — e o amor precisa ser cultivado no agora.


Não espere o dia perfeito. Não espere sobrar tempo. Não espere a saudade virar dor.


O que faz a vida valer a pena são as presenças vivas, não as ausências dolorosas.


Texto: Michel Dourado - Dirigente Espiritual - CECPR

 
 
 

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