Nem Tudo é Demanda
- tecpr4
- 2 de abr.
- 3 min de leitura
Vivemos em um mundo onde desafios, dificuldades e momentos turbulentos fazem parte da nossa jornada. É natural que, diante de tempos difíceis, surjam questionamentos: "Será que estou sendo vítima de alguma magia negativa?" ou "Será que estou precisando de um trabalho espiritual para abrir meus caminhos?". Essa dúvida é compreensível, pois desde tempos antigos o ser humano busca explicações para suas dificuldades e, muitas vezes, projeta no mundo espiritual aquilo que, na verdade, tem raízes em sua própria trajetória de vida. No entanto, a espiritualidade verdadeira não é um jogo de causas externas; é um processo de autoconhecimento, aprendizado e evolução.
Os Orixás, guias e entidades da Umbanda não existem para resolver tudo por nós, mas sim para nos ensinar a caminhar com sabedoria e fé. Eles são como faróis, iluminando nosso caminho, mas quem precisa dar os passos somos nós. A fé não é uma ferramenta mágica que resolve problemas instantaneamente, nem a espiritualidade deve ser usada como uma muleta para evitar a responsabilidade por nossas ações. Nem toda dificuldade vem de demandas espirituais. Muitas vezes, são reflexos de nossas escolhas e posturas diante da vida. Nem tudo o que acontece de ruim em nossa jornada é obra de forças externas ou influências negativas. Há momentos em que a vida apenas nos desafia a crescer. A Umbanda é uma religião de luz, caridade e amor. Trabalhos espirituais não devem ser encarados como soluções instantâneas para problemas terrenos, mas sim como suporte para fortalecer nossa caminhada. Se você sente que sua vida está travada, que tudo parece dar errado, pergunte-se primeiro: "O que estou fazendo para mudar essa realidade?".
Existe um grande poder dentro de cada um de nós. Esse poder não vem apenas dos rituais, mas da nossa força de vontade, da nossa mudança de mentalidade e das nossas ações no dia a dia. Antes de pensar que alguém fez algo contra você, olhe para dentro. Como está sua energia? Você tem cultivado pensamentos positivos ou se alimentado de medo e desânimo? Suas atitudes refletem os valores da sua fé? Você tem plantado o bem ou apenas esperado receber? Você está buscando seu crescimento espiritual ou apenas esperando que a espiritualidade resolva tudo por você? Seja sincero consigo mesmo: você está apenas pedindo, ou também está agindo para transformar sua realidade?
Muitos se deixam levar pelo medo, acreditando mais na força do mal do que na força do bem. Mas será que não está na hora de mudar essa mentalidade? Será que não estamos, sem perceber, dando mais poder ao medo do que à nossa própria fé? Nenhuma obra negativa tem poder sobre aqueles que vivem com retidão, que fazem o bem e que estão firmados em sua espiritualidade. Os Exus e as Pombagiras, guardiões da justiça e da verdade, protegem aqueles que não têm dívidas com o mal. Os Pretos-Velhos aconselham e curam, mostrando que a paciência e a humildade são grandes chaves para a vitória. Os Caboclos nos ensinam a coragem e a força para superar qualquer obstáculo. Se você acredita que tudo está contra você, que tudo é demanda, que tudo é "trabalho feito", pergunte-se: "Estou fortalecendo minha fé ou alimentando meu medo?".
Não adianta tomar banho de ervas, acender velas ou pedir ajuda espiritual se, ao mesmo tempo, você alimenta sentimentos negativos, age de forma injusta ou não se dedica ao próprio crescimento. As vezes este momento possa dizer muito mais sobre a sua trajetória e sua postura do que uma força maior de fato.
A Umbanda é uma religião de transformação, e transformação exige atitude. O maior trabalho espiritual que você pode fazer por si mesmo é manter sua fé firme, sem medo, vigiar seus pensamentos e palavras, ter gratidão pelo que já conquistou, praticar a caridade e fazer o bem sem esperar nada em troca e buscar sempre aprendizado e evolução.
A verdadeira proteção vem de um coração limpo, de uma mente equilibrada e de uma fé inabalável. Que possamos, a cada dia, fortalecer nossa luz, confiar na espiritualidade e lembrar que a maior força está dentro de nós.
Texto: Michel Dourado - Dirigente Espiritual - CECPR
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