Hierarquia na Umbanda: Serviço, Não Status
- tecpr4
- 23 de mar.
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A Umbanda é, antes de tudo, uma escola de aprendizado espiritual fundamentada na caridade, humildade e fraternidade. No entanto, é comum vermos algumas confusões surgirem dentro das casas espirituais, especialmente quando se trata da compreensão da hierarquia e dos cargos dentro do terreiro.
Muitos ainda carregam a visão equivocada de que ocupar uma posição de destaque – seja como dirigente, mãe ou pai pequeno, ogan ou qualquer outro cargo – significa possuir mais mediunidade, mais poder espiritual ou mesmo um grau de evolução superior. Essa ideia é um reflexo das estruturas sociais e empresariais do mundo material, onde títulos e promoções costumam ser vistos como símbolos de status e conquista pessoal.
Entretanto, a lógica da espiritualidade não segue essa estrutura. Na corrente mediúnica, cada médium, do mais antigo ao mais novo, tem sua importância dentro da engrenagem espiritual. Um elo não é mais valioso do que o outro, pois a corrente só é forte quando todos os elos estão firmes e alinhados. O que faz um médium ser respeitado não é o cargo que ocupa, mas sua conduta, sua dedicação à caridade e sua humildade no servir.
Jesus já nos ensinava que “o maior entre vós será o servo de todos” (Mateus 23:11). Ou seja, na espiritualidade, o verdadeiro crescimento não vem da exaltação pessoal, mas da capacidade de servir ao próximo com amor e desprendimento. Aqueles que buscam títulos e posições apenas para se sobressair esquecem que, no final, somos todos trabalhadores da seara divina, irmãos em aprendizado, iguais perante as Leis Maiores.
Dentro da Umbanda, não há espaço para competição ou vaidade. A hierarquia existe para organizar e facilitar os trabalhos espirituais, não para criar castas ou distinções. O verdadeiro líder é aquele que se coloca a serviço da corrente e dos necessitados, sem se achar superior ou mais iluminado do que os demais.
Infelizmente, em alguns espaços, vemos posturas de orgulho, indiferença e até desprezo entre irmãos de fé. Mas isso não é reflexo da espiritualidade, e sim da falta de educação e de maturidade espiritual de alguns. A espiritualidade nos dá o livre-arbítrio, mas também nos cobra a responsabilidade sobre nossas atitudes.
Que possamos sempre lembrar que na Umbanda não há melhores ou piores. Todos somos parte de um todo, e cada um tem seu papel dentro dessa grande engrenagem espiritual. Sejamos mais humildes, mais fraternos e mais comprometidos com a verdadeira essência da nossa religião: o amor e a caridade.
Texto: Michel Dourado - Dirigente Espiritual - CECPR
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