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A Sagrada Magia de Exu: Respeito, Verdade e Transformação nas Giras de Esquerda

  • tecpr4
  • 29 de abr.
  • 3 min de leitura

A magia que acontece nas giras de Exu é intensa, assim como giras de Preto Velho, Caboclo, Cura e Ibeijadas por exemplo. Há um magnetismo inegável nesse momento em que a linha de esquerda se manifesta no terreiro — Exús, Pomba Giras, Ciganas, Malandros. É comum vermos que essas giras são as mais procuradas pelo público, que se encanta com a força, a desenvoltura, a sinceridade cortante e, muitas vezes, com o carisma dessas entidades. Mas é preciso ir além da curiosidade ou da busca por resultados imediatos: é fundamental compreender a verdadeira função espiritual dessas entidades e o respeito profundo que elas merecem.


Ao contrário do que muitos pensam, a linha de esquerda não está ligada ao mal, ao negativo ou à libertinagem. Essa visão deturpada nasce da ignorância e do preconceito histórico que ainda paira sobre a Umbanda. Exús e Pomba Giras não são demônios, tampouco espíritos desordeiros — são guardiões, mensageiros entre os mundos, espíritos experientes que trabalham na limpeza energética, na defesa espiritual, na quebra de demandas e no equilíbrio das forças que transitam entre o plano físico e o espiritual.


Essas entidades caminham nas encruzilhadas da vida, onde nossas escolhas se cruzam, onde as decisões precisam ser tomadas, onde verdades são ditas com firmeza. Exús não falam para agradar; falam para despertar. Pomba Giras não se manifestam para seduzir; elas iluminam os caminhos das mulheres e dos homens que precisam resgatar seu poder pessoal, sua autoestima, sua coragem. Ciganas trazem liberdade, movimento e sabedoria ancestral. Malandros ensinam a leveza, a esperteza e a dignidade na luta pela sobrevivência. Todos eles fazem parte de uma força que exige consciência e respeito.


É preciso compreender que, apesar de serem entidades mais próximas da matéria, essas entidades não são “nossos amigos de bar” ou “parceiros de festa”. A proximidade que demonstram não deve ser confundida com intimidade banal ou desrespeito. Ao se aproximar de um Exu ou de uma Pomba Gira, deve-se ter reverência. Sua linguagem pode ser descontraída, mas sua missão é sagrada. Ao pedir ajuda, que seja com clareza e humildade. Ao se retirar, que seja com gratidão e respeito. Ao conversar, que seja com o coração aberto, mas com palavras honestas e postura digna.


Cada risada de Exu, cada dança de Pomba Gira, cada cigarro aceso ou gole ofertado carrega simbolismo e axé. São formas ritualísticas de manipular energias densas, transformar dores, cortar feitiços, devolver equilíbrio. Não é teatro, não é encenação — é trabalho espiritual sério. E é justamente por serem tão eficazes, tão imediatos em suas respostas, que essas entidades atraem tantos filhos e frequentadores. Mas cabe aos médiuns, dirigentes e consulentes lembrar: a gira de Exu é sagrada.


Respeitar a linha de esquerda é respeitar a própria vida. É aceitar que a espiritualidade não é feita só de doçura, mas também de firmeza. Não se ilumina sem antes atravessar as próprias sombras — e é exatamente isso que Exu faz: ilumina o que precisa ser visto, encarado, transformado. A magia da gira de Exu acontece ali, no encontro com a verdade, na libertação dos pesos, no reencontro com a própria essência.


Seja qual for sua dor ou seu pedido, vá com respeito. Porque, na gira de Exu, há poder, há justiça, há amor — mas acima de tudo, há espiritualidade em ação.


Texto: Michel Dourado - Dirigente Espiritual - CECPR

 
 
 

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